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Política

Ontologia das esquerdas contemporâneas

11 de janeiro de 2021
Ontologia das esquerdas contemporâneas
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Entre as esquerdas disponíveis no mercado, acredito que existam três grupos. Notem: três grupos existirem não quer dizer que os três sejam relevantes ou igualmente relevantes.

1) O que gostaria de chamar de “PCOminions”. São a “esquerda raiz” e combatem a lacração como produto importado da esquerda americana, coisa bem burguesona.

Também poderíamos chamar de “esquerda tradicional”, por defenderem revolução armada (daí serem a favor de civis armados), liberdade de expressão (contra a burguesia) e radicalmente vinculados a comunismo econômico.

Continuam — evidentemente — com as teorias erradas e prescrições erradas, mas por linhas tortas acertando um diagnóstico ou outro.

Jamais tirariam o emprego de um pai de família por ter ferido o código politicamente correto da lacração, algo importanto da esquerda liberal americana.

2) Os lacradores. Turma que acha que as questões mais urgentes da humanidade são o aquecimento global e emojis na internet.

Acreditam que palavras machucam. Pedir para um aluno ler mais que 5 páginas (3 com figuras) é bullying e pressão psicológica que vai causar depressão.

São o corolário radical da esquerda liberal — tipos como Steven Pinker, que acabaram de ser “cancelados” por ousar afirmar o lastro biológico do gênero. É a esquerda “tudo é permitido, mas…”.

Tudo é permitido e depois da conjunção adversativa vem um código moral mais rigoroso que o do mais rígido convento.

Essa é a esquerda que mais importa, porque é a esquerda que faz linha de produção nas universidades com cadeiras de “estudos de gênero”, “estudos feministas” e outros ataques ao cânone que começaram nos EUA ao longo dos anos 80 (Cf. Harold Bloom).

É daí que vão sair todos os profissionais de mídia que vão criar e transmitir todas as narrativas sobre absolutamente tudo. Isso é cientificamente comprovado, até nos departamentos de história e sociologia das universidades americanas há mais conservadores que esquerdistas em comparação com os tais cursos de mídia.

3) Mas tem os que eu vejo como uma espécie de esquerda genderfluid. Economicamente estão próximos da esquerda raiz, mas moralmente estão próximos dos lacradores, ainda que critiquem eventuais exageros “pontuais”. Até tiram sarro dos cirandeiros.

Tal como PCOminions, são muito pouco relevantes. E sou bastante cético quanto à sinceridade de suas críticas a seus irmãos lacradores.

Notem como o recente documento de tipos como Chomsky, Rowling e outros esquerdistas contra o número 2 só surgiu literalmente ontem. Ess fenômeno não surgiu ontem, ele apenas não era autofágico.

Que o estrito código do politicamente correto mais cedo ou mais tarde engolfaria toda a vida pública e, invariavelmente, alguns esquerdistas, é um fato que leio na boa literatura à direita há mais de 10 anos.

Essa categoria me lembra muito a “síntese progressista” contra a direita malvadona que fala Mark Lilla. Os “liberais novos” se juntariam com a “esquerda raiz” (Chomsky, p. ex.) para combater seus Trumps, Bolsonaros, Farages etc. Isso é um movimento que pode ser claramente visto no Brasil onde os liberais a cada dia se parecem mais com os “liberais” americanos, isto é, uma leve simpatia ao livre mercado (que podemos encontrar em diversos matizes de esquerda mundo afora) com agenda pública e moral “progressista”.

Ainda são incipientes, mas certamente depositam muita esperança nessa “solução final” contra conservadores.

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