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Religião

A metafísica contraditória do messianismo ambientalista

12 de janeiro de 2021
A metafísica contraditória do messianismo ambientalista
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H. G. Wells, ateu convicto e confesso, no livro The Time Machine, apresenta em linguagem literária o que é a visão de mundo materialista sobre o destino vindouro da humanidade. No futuro muito distante retratado no livro, a espécie humana tal como a conhecemos hoje não existe mais. Algumas espécies sobreviveram, os seres humanos não. A ciência atual, pura e simples, afirma que em alguns bilhões de anos nosso universo colapsará e se tornará, em toda sua imensidão, inóspito. A natureza é indiferente à humanidade e se ela é tudo que existe então não existe grande propósito, grande plano e, de uma maneira ou de outra, a extinção da humanidade é seu destino natural e absolutamente normal. Note-se que não se trata aqui de avaliar a veracidade dessa visão de mundo, talvez ela seja verdadeira, talvez não, o fato que aqui se destaca é que não é possível escapar de suas consequências.

Na visão de mundo naturalista e materialista, o ser humano é apenas mais um animal na trilha da evolução das espécies e nosso pensamento nada mais que agitações atômicas randômicas (razão pela qual, aliás, não deveríamos confiar nele). Estima-se que 90% das espécies que já existiram na terra se encontram extintas, por que seria diferente com o ser humano? É inescapável aos que sustentam essa visão de mundo incorrer em algum grau de niilismo, isto é, admitir que não há sentido, verdade ou valores absolutos. Encontramos expressões disso em diversas ocasiões do debate público, por mais que os adeptos conscientes tentem negar, visto que não é uma ideia que faça sucesso do ponto de vista publicitário.

Cruzemos isso com o terrorismo e messianismo ambientalista de Greta Thunberg e dos que a financiam. Que, com o perdão do trocadilho, sentido faz? Se somos animais não muito melhores e não superiores a quaisquer outros e então o planeta nos eliminar, o que há de errado nisso? Por que deveríamos militar e encampar ações coletivas para salvarmos nós mesmos (e não o planeta, como se costuma alardear)? Talvez desaparecermos enquanto espécie e aproveitar o máximo possível seja exatamente o correto a se fazer.

Uma visão de mundo militante e engajada entra em contradição com a metafísica expressa implícita ou explicitamente por esses mesmos militantes. E não pensem que fui o descobridor dessa contradição. O filósofo romeno Emil Cioran, um dos mais ferrenhos proponentes do pessimismo e da descrença, fazia troça de revolucionários em suas obras, particularmente em História e Utopia. Cioran, Albert Camus e tantos outros adeptos da metafísica do desespero ao menos eram coerentes com o pacote de crenças que vinha junto dela, abandonando qualquer tipo de engajamento revolucionário num mundo sem sentido e destinado à absoluta sublimação universal.

O destaque é válido aqui, evidentemente, para ciência dos atentos que não se deixam levar pelos sonhos de qualquer criança de 16 anos. A razão da militância, embora entre em contradição frontal com a concepção metafísica de mundo de seus adeptos, não vem dela, mas das razões políticas e econômicas que a sustentam e lhe servem de substrato, como em grande parte das questões públicas hoje em dia. Se os niilistas da manhã e engajados da tarde não prestam atenção, nós prestamos.

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One Reply to “A metafísica contraditória do messianismo ambientalista”

Ricardo Sampaio

Os ambientalistas não percebem que um dos motivos pelo qual o homem possui inteligência é justamente pra cuidar da natureza como a sua casa: é ele que identifica os animais, é ele que controla as queimadas, é ele que prolonga a vida de espécies em risco de extinção, é ele que utiliza seus recursos pra criar remédios, etc. Salvar a natureza destruindo a humanidade é um cubo esférico. Excelente texto.