fbpx

Filosofia

Por um novo “paradoxo de Popper”

12 de janeiro de 2021
Por um novo “paradoxo de Popper”
Newsletter

Entre para a lista de emails e receba conteúdos com prioridade

Não tratamos aqui do “paradoxo da tolerância”, algo deturpado por totalitários de esquerda para censurar qualquer discurso à direita como “nazista”.

Tampouco se trata de tecer elogios ao filósofo Karl Popper ou ao seu pensamento — que, inclusive, é o guru de George Soros.

Trata-se, sim, da aplicação do conceito básico da filosofia da ciência de Popper, o conceito de falseação. Para Popper, uma boa teoria científica é aquela que apresenta elementos que sejam capazes de provar sua falsidade com clareza e de fazer previsões com base neles. Dois exemplos, um simplório e um técnico.

Simplório: suponha a hipótese que sua/seu colega de classe gosta de você. Essa é a hipótese que você deseja testar. Que tipo de coisa provaria que sua hipótese é falsa? Ausência de cumprimentos, negativas em tentativa de conversar, afastamento, distância física etc. Essa é uma hipótese que facilmente pode ser provada falsa. Se sua colega não te cumprimenta, não conversa, se afasta e se loca o mais distante possível, é provável que ela não queira nada com você. E você pode testar todas essas previsões na realidade.

Técnico: de acordo com a teoria da evolução das espécies, um excelente meio de falsear a teoria seria apresentar evidências da existência de fósseis de coelhos datados do período cambriano. Pela cronologia da teoria, é impossível que existissem tais mamíferos na época citada. Se existirem, é praticamente certo que a teoria é falsa (exemplo de Haldane).

Ou seja, o falseacionismo de Popper alega que teorias difíceis de falsear são teorias ruins e devem ser empurradas para o campo da pseudociência. Daí que o filósofo austríaco tenha acusado a psicanálise, o marxismo e a astrologia como tais. Uma teoria que está correta ao afirmar A, mas aparentemente correta em afirmar não-A também, não pode ser considerada científica.

Um fenômeno interessante tem tomado a análise política nacional desde a eleição de Jair Bolsonaro e não apenas nas fileiras esquerdistas, mas também nas liberal-kombistas. Diversas situações que afligiram o governo Bolsonaro desde primeiro de janeiro têm sido analisadas de maneira que qualquer hipótese sempre fundamenta um fracasso do governo, mesmo quando explicitamente contraditórias.

Exemplos:

Na época da queda do então ministro Bebbiano, críticos diziam que sua queda representaria fracasso para o governo, mas, surpreendentemente, sua permanência no govenro também! E se caísse a previsão de crise dos kombeiros estaria certa, mas se ficasse, sua previsão também estaria certa! Ou seja: em todos os multiversos possíveis o governo errava e kombeiros acertavam na análise e na previsão. Como isso é possível e como essa gente ganha salário pra isso é um mistério!

Exemplo mais recente, saído direto da lastrolândia:

Kombeiros, numa insinuante previsão-desejo de fracasso das manifestações, diziam que se fossem vazias isso seria um fracasso para o governo e para a ala que as convocaram. Depois de verem que as manifestações foram bastante cheias, reduziram o espectro e disseram que apenas o número de pessoas da avenida Paulista importava. Uma vez provado que o número da Paulista também foi grande, as manifestações perderam significado. O raciocínio é o mesmo: todas as situações possíveis nada representam de bom para o governo e todas as mesmas situações fundamentam as alternativas oposicionistas.

É o novo paradoxo de Popper: os opositores do governo Bolsonaro são infalseáveis!

———–

Conheça os meus cursos sobre a Filosofia de Jordan Peterson e as Raízes Filosóficas do Globalismo.

Quer dar os primeiros passos na vida intelectual? Entre para o OliverClub.

Gosta de filmes? Assine o Olavete Play por R$ 7 por mês.

Olá,

o que você achou deste conteúdo? Conte nos comentários.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *