“A burguesia tece a corda com que será enforcada”, dizia Lênin.
Muitas vezes, por tomarmos uma clara, evidende e antimarxista postura — única possível, caímos em esparrelas marxistas sem perceber. Por exemplo: tomar valores burgueses como bons (às vezes até sacrossantos) ou como essencialmente nossos, apenas porque o marxismo é um ataque à classe burguesa. “Se os marxistas são contra, deve ser coisa boa, então é coisa nossa”.
Contudo, não é bem assim. O formalismo burguês, o apego a regras de conduta supostamente invioláveis, que logo seja possível serão utilizadas contra os burgueses pelo seu inimigo, é excelente exemplo disso. É o clássico dilema do pacifista num mundo belicoso: quer ser pacifista, seja, os tanques inimigos sequer vão passar por cima de você por último. Não adianta se apegar a regras, por mais nobres que sejam, se os que estão ao seu lado não operam por elas.
Querem exemplos disso regados a humor? Vejam boa parte das publicações da página Todo Dia Um Liberal Passando Vergonha.
Como dizia Nikolai Berdiaev acerca do espírito burguês:
“(…) um estado espiritual, uma orientação da alma para uma certa direção, um gênero peculiar de auto-consciência”.
“(…) é algo espiritual, ontológico”.
“(…) esse espírito burguês amadureceu e subjugou a sociedade e a cultura”.
“(…) A sede de poder, de bem-estar e de riqueza triunfa sobre o anseio de santidade e genialidade. As realizações mais elevadas do espírito pertencem ao passado, a espiritualidade encontra-se em declínio, e uma época de decadência espiritual traz consigo a ascensão da burguesia”.
“O burguês, mesmo quando é um ‘bom católico’, acredita somente neste mundo, naquilo que é conveniente e útil”.
“O burguês adora dar esmolas ‘nas sinagogas e nas ruas’ para ser ‘elogiado pelas pessoas’”. [Berdiaev prevendo a sinalização de virtude dos liberais].
“Há burgueses conservadores, tanto quanto os há revolucionários”.
“O burguês idolatra a vaidade e considera suas próprias ações divinas”.
“O burguês, outrora um mero tipo psicológico entre outros, é hoje o tipo social predominante”.
BERDIAEV, Nikolai. Uma nova Idade Média. Curitiba: ed. Arcadia, p. 183–197.
É urgente um conservadorismo não-burguês.
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